• segunda-feira, 18 de junho de 2012

    O Sábado no Novo Testamento

     

    Muitos cristãos ignoram o quarto mandamento argumentando que ele não é reafirmado no Novo Testamento e foi anulado; que é um preceito judaico e, que Cristo e os Seus discípulos transgrediam-no (esta última pretensão entra em conflito até mesmo com a anterior, pois, estes eram judeus). Estas alegações além de serem destituídas de fundamento bíblico, acusam a Cristo e Seus discípulos de serem transgressores do Decálogo (Tiago 2:8-13 cf I João 3:4) e revelam desobediência deliberada por parte daqueles que buscam “justificar” a todo custo a violação do quarto mandamento.

    Jesus, se referindo a destruição de Jerusalém que ocorreria aproximadamente a 40 anos após a Sua ressurreição, alertou os Seus seguidores dizendo: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado.” (Mateus 24:20). Se o quarto mandamento iria ser eliminado na cruz do Calvário, então, por que Jesus chamaria atenção para a sua observância em meio a um acontecimento futuro, ainda mais sobre condições extremamente severas? Por que os cristãos deveriam orar para que a fuga deles não ocorresse no sábado?

    O tumulto, o temor e a viagem de fuga previsto para acontecer na destruição de Jerusalém não seriam apropriados para o dia de sábado, por isso os cristãos deveriam orar para que pudessem guardá-lo como Deus desejava. Cristo se preocupou, também, com a temporada fria e chuvosa do inverno, pois, tais condições tornariam a viagem ainda mais complicada; seria problemático achar alojamento e comida, e as possibilidades de caírem enfermos seriam maiores. Ademais, durante a estação chuvosa, seria difícil atravessar o rio Jordão.

    Quarenta anos após a ressurreição de Jesus o sábado continuou tão sagrado como nos dias em que Ele proferiu as palavras de Mateus 24:20. Deve-se observar ainda que esta recomendação (quanto ao sábado) faz parte do sermão ocorrido no monte das Oliveiras (Mateus capítulo 24), ocasião em que foram descritos os últimos acontecimentos deste mundo.

    Cristo nunca ensinou alteração alguma na santidade do dia de descanso. Ele conviveu com Seus discípulos ainda por 40 dias logo após a Sua ressurreição, antes de subir ao Céu, e nada foi dito sobre a anulação do sábado ou a sua transferência para o primeiro dia da semana (domingo). Não há relato no Novo Testamento sobre tais mudanças.

    Jesus fez ainda a seguinte declaração a favor da observância sabática: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” (Marcos 2:27). Dentro do contexto de Marcos 2:27 verifica-se claramente que o sábado citado é aquele instituído no sétimo dia da criação. E esse verso pode ser melhor compreendido utilizando a expressão: “pelo bem do” no lugar de “por causa do“. No verso seguinte Jesus conclui Seu ensinamento dizendo: “assim o Filho do Homem, até do sábado é SENHOR” (Marcos 2:28 cf João 1:1-3). Nesta e em outras oportunidades, Ele denunciou e desvencilhou o sábado das excessivas e errantes regras impostas pelos fariseus e, como autor do sábado, demonstrou o que é lícito ou não realizar neste dia.

    Os inumeráveis requisitos dos rabinos para a observância do sábado se baseavam no conceito de que, à vista de Deus, o sábado era mais importante do que o próprio homem. De acordo com o raciocínio desses cegos expositores da lei divina, o homem foi feito para o sábado. Os rabinos conduziam-se mecanicamente durante o sábado fundamentados em absurdas, severas e insensatas tradições destituídas de qualquer sentido, e isso ocasionou inúmeros atritos com os ensinos de Jesus.1

    Deus não criou o homem no sexto dia porque precisava que alguém guardasse o sábado que seria instituído no sétimo dia. Mas o onisciente Criador sabia que o homem, a criatura de Suas mãos, precisaria de um dia especial para o seu crescimento moral e espiritual; que ele necessitaria de um tempo no qual os seus interesses e afãs diários fossem sobrepujados e subordinados por uma comunhão mais reservada e dedicada ao Criador. E o sétimo dia da semana foi escolhido por Deus para suprir essa necessidade. O sábado foi designado para o bem-estar da humanidade, não como um objeto de tradições de homens (Marcos 7:7-9).

    Alguns na ânsia de se livrar a todo custo do sábado, alegam que em Marcos 2:27, Cristo referia-se apenas aos judeus. A Bíblia, no entanto, pulveriza esse argumento, pois nesse verso é utilizado a palavra “homem” que é traduzida do grego “anthropos” (ανθρωπος) e seu sentido abrange a: homens, mulheres e crianças, ou seja, inclui qualquer ser humano. Em Marcos 6:44 temos outro exemplo do vocábulo “anthropos” sendo utilizado com o mesmo significado. Lembrando ainda que o sábado foi originado na semana da criação, muito tempo antes da existência dos judeus.

    Comparando os versos de Isaías 56:2 com Marcos 2:27 nota-se que ambos comunicam o mesmo ensinamento sobre a observância sabática e declaram que o sábado foi instituído para todos os povos, sem distinção (cf Isaías 56:6-8). E Cristo nos conduz a respeitar e obedecer o Seu santo dia, seguindo o Seu exemplo (Lucas 4:16 e 31; Lucas 6:1-12 cf Isaías 42:21).

    Guardar o sábado não consiste essencialmente em abster-se de certos afazeres do cotidiano. Agir dessa maneira é perder completamente o verdadeiro propósito da observância sabática e ir rumo a uma justificativa baseada em obras. Abstemo-nos de certas tarefas, de certos temas em nossos pensamentos e em nossas conversas, não porque ao fazer isso pensemos que estamos ganhando o favor de Deus, mas, a fim de que possamos dedicar nosso tempo, nossas energias e nossas faculdades mentais em atividades que aumentarão nosso entendimento em Deus, e deste modo, o nosso fortalecimento em Seu caráter.

    Assim, a nossa capacidade para cooperar e servir ao SENHOR e ao próximo será mais eficientemente desenvolvida. A observância do sábado que consiste unicamente no aspecto de não fazer certas coisas, de maneira alguma é a observância sabática que Deus deseja. Porém, quando entendemos verdadeiramente seu significado e agimos como Cristo ensinou e demonstrou, receberemos as bênçãos reservadas e destinadas nesse dia (Isaías 58:13-14).

    REUNIÕES SABÁTICAS NO NOVO TESTAMENTO2

    O Novo Testamento não autoriza o homem a anular a observância sabática, pelo contrário, ele descreve90 reuniões religiosas no sábado como o quarto mandamento orienta. Ei-las:

    • “Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi Ele ensinar na sinagoga.” (Marcos 1:21 cfLucas 4:31-37)

    Local e Data: Cafarnaum – 28 d.C.

    Número de Reuniões: 01

    Histórico: Cristo dedicava-Se exclusivamente a ensinar a Palavra de Deus aos sábado e realizava nesse mesmo dia a cura dos enfermos. É notório que Ele despendia o Seu tempo durante as horas sabáticas, de forma preponderante, auxiliando o homem nas questões espirituais e físicas.

    • “Sucedeu que, em outro sábado, entrou Ele na sinagoga e ensinava. Ora, achava-se ali um homem cuja mão direita estava ressequida. Os escribas e os fariseus observavam-nO, procurando ver se Ele faria uma cura no sábado, a fim de acharem de que O acusar.” (Lucas 6:6-7 cf Mateus 12:9-14;Marcos 3:1-6)

    Local e Data: Cafarnaum – 28 d.C.

    Número de Reuniões: 01

    Histórico: Cristo novamente, no sábado, ensinando as Escrituras e proporcionando a cura física ao homem. Além de transmitir o poder de Deus no dia de sábado, Ele esclarece ao povo o que é lícito se fazer nesse dia, irritando os fariseus. Pode ser observado ainda que os quatro Evangelhos narram sempre Jesus exercendo essas atividades e nunca outra que não estivessem relacionadas à elas.

    • “Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o Seu costume, e levantou-Se para ler. Então, lhe deram o livro do profeta Isaías…” (Lucas 4:16-17)

    Local e Data: Nazaré – 28 d.C.

    Número de Reuniões: 01

    Histórico: Cristo novamente foi à casa de culto. Diz o texto que fez “segundo o Seu costume“. Quer dizer que sempre ia ao culto aos sábados. Dentro do templo Ele leu e expôs a Palavra de Deus. Não foi com o objetivo de agradar os judeus, pelo contrário, os desagradou bastante a ponto de ser expulso da sinagoga e da cidade. Quiseram atirá-Lo ao precipício.

    • “Era o dia da preparação, e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento.” (Lucas 23:54-56)

    Local e Data: Jerusalém – 31 d.C.

    Número de Reuniões: 01

    Histórico: O “dia da preparação” que a Bíblia se refere é a sexta-feira e, segundo o seu relato, naquele momento ocorria o pôr-do-sol e iniciava o sábado. As santas mulheres seguidoras de Cristo, inclusive Sua mãe, respeitosamente guardaram o sábado “segundo o mandamento” (Êxodo 20:8-11), e esse foi o primeiro sábado após a crucificação de Jesus. Nada é dito quanto a mudança ou ab-rogação do dia de descanso ocasionado com o sacrifício na cruz do Calvário. Não há a menor alusão de que o sábado semanal fora abolido com a morte de Cristo (Mateus 5:17-19; Lucas 16:17).

    • “Ao saírem eles, rogaram-lhes que, no sábado seguinte, lhes falassem estas mesmas palavras. Despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, e estes, falando-lhes, os persuadiam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.” (Atos 13:42-44)

    Local e Data: Antioquia – 45 d.C.

    Número de Reuniões: 02

    Histórico: Enquanto Barnabé e Paulo se retiravam da sinagoga foram seguidos por muitos de seus ouvintes judeus e gentios. A pregação do Evangelho de Cristo foi levada a vários lugares, não se fazia em segredo ou a uns poucos. Numerosas multidões ouviam a Palavra de Deus e cidades inteiras eram instruídas e repreendidas. O contraste entre “os judeus” e “quase toda a cidade” (Atos 13:45) demonstra que havia muitos gentios entre a multidão. E é evidente que a sinagoga judia onde se celebrou a reunião no “sábado anterior” (verso 42), não podia conter, por questões de espaço, à multidão reunida no “sábado seguinte” (verso 44). Isso obrigou aos ouvintes que ficassem muito próximos uns dos outros às janelas e às porta da sinagoga, ao ar livre, enquanto os apóstolos falavam adentro. Nesse relato não se menciona qualquer mudança quanto ao dia de repouso instituído por Deus em Sua lei. Essas duas reuniões sabáticas ocorreram 14 anos após a ressurreição de Cristo e seria uma ótima oportunidade para Paulo mencionar que o sábado do SENHOR instituído no sétimo dia fora abolido ou mudado para outro dia da semana.

    • “… e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias. No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido.” (Atos 16:11-13)

    Local e Data: Filipos – 53 d.C.

    Número de Reuniões: 01

    Histórico: Paulo, Silas, Timóteo e Lucas estavam numa cidade desconhecida de um país desconhecido por eles. Tinham estado ali alguns dias, mas, quando chegou o sábado buscaram um lugar ideal para realizar o culto a Deus. Saíram da cidade, pois nela não havia sinagoga, então procuraram algum lugar onde pudessem estudar a Palavra de Deus, orar e pregar a graça concedida ao pecador. Apesar de não haver sinagoga em Filipos, eles foram informados da existência de um lugar na orla do rio onde podiam realizar sua reunião sabática; e os discípulos de Cristo foram ao encontro desse local.

    • “Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio.” (Atos 17:1-3)

    Local e Data: Tessalônica – 53 d.C.

    Número de Reuniões: 03

    Histórico: Tessalônica, um ativo centro de compras, que atraiu um número significativo de judeus. Estes desfrutavam de liberdade religiosa e puderam construir seu próprio lugar de culto. Durante os intervalos entre os sábados, o apóstolo Paulo trabalhava em seu ofício, que era fazer tendas (Atos 18:1-3 cf II Tessalonicenses 3:6-10). O fato dele pregar três sábados consecutivos mostra o respeito que tinha para com o dia do SENHOR e as responsabilidades como ministro do Evangelho. Ele transmitia os ensinos de Cristo não “em palavras somente, mas também em poder, guiado pelo Espírito Santo e movido de santa convicção”; e como resultado, não se salvaram somente judeus e prosélitos, mas muitos gentios rejeitaram seus ídolos e passaram a seguir e servir a Deus (I Tessalonicenses capítulo 1). Destaca-se ainda a seguinte declaração de Paulo com relação aos cristão de Tessalônica: “Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do SENHOR”; e, tanto Jesus quanto Paulo e demais apóstolos guardaram o sábado (Lucas 4:16-17; Atos 17:1-2). Fundamentado nesses relatos já se passaram 22 anos após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo e, não há registro de que os apóstolos guardaram o primeiro dia da semana (domingo), ou que o sábado no sétimo dia fora extinto.

    • “Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. Lá, encontrou certo judeu chamado Áqüila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles. E, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas. E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos… E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a Palavra de Deus.” (Atos 18:1-4; Atos 18:11)

    Local e Data: Corinto – 54 d.C.

    Número de Reuniões: 78

    Histórico: Primeiramente as seguintes informações devem ser consideradas: (1) Em Atos 18:4 é dito que Paulo pregava “todos os sábados” a “judeus e gregos”, (2) Atos 18:11 diz que ele “ali permaneceu um ano e seis meses”. Nesse período de tempo transcorreram 78 sábados, e em todos, Paulo reservou-se exclusivamente para ensinar o Evangelho de Cristo. Paulo observava o sábado conforme o quarto mandamento da Lei de Deus estabelece. Ele trabalhava em fazer tendas e no sábado ausentava-se de tais atividades, cumpria o preceito que lhe ordena trabalhar seis dias; seguia, também, o exemplo de Cristo (Lucas 4:16 e 31; Lucas 6:6). Com base nas informações deAtos 18:1-4 e 11, já se passaram 24 anos desde a ressurreição de Jesus e nada referente a mudança do dia de sábado ou mesmo a abolição da observância sabática foi ensinada. Não existe nenhum verso bíblico que demonstre Cristo e Seus discípulos contrariando o quarto mandamento dessa lei, ou, ensinando que os gentios estão livres para transgredí-lo.

    As Escrituras Sagradas revelam3 e, sem margens para dúvidas, que o quarto mandamento está em vigência e possui caráter moral e imutável.Cristo e Seus discípulos ensinaram tanto em palavras quanto em atitudes o dever de todos para com este mandamento. A desobediência insistente e intencional à ele será cobrada (Hebreus 4:12-13).

    1. Marcos 2:24; Marcos 3:2; João 5:16-18; Mateus 15:1-9 cf Marcos 7:1-13.

    3. Gênesis 2:1-3; Eclesiastes 12:13; Salmos 119:34 e 44 cf Hebreus 10:16-17; Salmos 119:142; Isaías 24:4-6; Isaías 56:1-7; Isaías 58:13-14; Isaías 66:22-23; Mateus 5:17-22 cf Mateus 24:35; Mateus 19:16-22; Lucas 4:16 e 31; Lucas 16:17; Lucas 23:56; I João 5:1-4.

     

    Vídeo relacionado: O Quarto Mandamento

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    Fonte - http://setimodia.wordpress.com

    Em Cristo – Aparecido Lopes

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