“Exultai sobre ela [Babilônia], ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa” (Ap 18.20).
“Se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2Ts 1.6-8).
Recentemente, completei o ensino do Livro do Apocalipse.[1] Algo que realmente captou a minha atenção por todo o livro foi a ênfase nas criaturas de Deus que se regozijam e reconhecem a justiça do juízo de Deus durante toda a Tribulação e na Segunda Vinda. Por todo o Apocalipse existe um sentimento de que a intervenção do juízo de Deus na história, quando ela finalmente ocorre, já deveria ter acontecido há muito tempo. Entretanto, creio que muitos de nós freqüentemente consideramos triste o futuro juízo de Deus sobre aqueles que receberão Seus severos golpes. Mas esta não é a atitude defendida no céu quando aos crentes é declarado que se regozijem, em Apocalipse 18.20.
O Juízo Futuro
O apóstolo Paulo começa sua terceira epístola, a saber, a Segunda Carta aos Tessalonicenses, falando também do futuro juízo. O contexto, como em Apocalipse, é o da perseguição de seus companheiros crentes no Senhor Jesus Cristo. Diz Paulo: “Nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista de vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais” (2Ts 1.4). Estes gregos crentes estavam sofrendo por causa de sua fé, dois mil anos atrás, nas mãos dos incrédulos; todavia, eles eram fiéis ao Senhor em suportarem essas aflições. Esta passagem nos ensina que tal perseguição pelos incrédulos será, no mínimo, parte da base do futuro julgamento vindo de Deus. “Resistir a pressões presentes demonstra a justiça do futuro juízo de Deus”.[2]
F. F. Bruce faz eco a este pensamento: “O fato de que eles estejam suportando perseguição e aflição por amor a Cristo é uma prova segura do justo juízo de Deus, que será vindicado neles e em seus perseguidores no Advento de Cristo”.[3] J. N. Darby observa corretamente que o juízo para os incrédulos estava chegando: “‘O dia do Senhor’ estava vindo do Senhor em juízo; mas Ele não estava voltando para fazer os dEle sofrerem – era para punir os perversos”.[4] Isto estabelece o cenário para o capítulo dois, quando Paulo argumenta que o dia do Senhor ainda não havia vindo.
Paulo continua no versículo 6 ao observar que a justiça retribuidora é necessária quando Deus [dá] “em paga tribulação aos que vos atribulam” (2Ts 1.6). A mesma raiz da palavra na língua grega é usada em suas formas verbal e nominal. “Tribulação” (ou aflição) é a forma substantiva enquanto que “atribulam” (ou afligem) é a forma verbal usada como uma partícula substantivada. A forma substantivada desta raiz é a palavra usada no Novo Testamento para o termo “tribulação” e poderia ser uma referência àquele período de sete anos da história. Robert Thomas observa:
Thlipsin é uma palavra geralmente traduzida por “tribulação”. É a sina atual dos cristãos passarem por tribulações (v. 4; 1Ts 3.4). Para o restante do mundo, entretanto, a tribulação será futura e muito maior em intensidade (Mt 24.21; cf. Ap 3.10). Em sua primeira epístola à Igreja de Tessalônica, Paulo descreveu esse período em relação à sua fonte – isto é, a ira de Deus (1Ts 1.10; 1Ts 2.16; 1Ts 5.9). Mas aqui ele fala do ponto de vista das circunstâncias que tragam as vítimas.
Depois que o período de tribulação tiver passado, será negada, a esses causadores de problemas, a entrada no reino messiânico, o qual acolheu os fiéis seguidores de Cristo (v.5; Mt 25.41,46).[5]
No versículo 7, que fala da Segunda Vinda como trazendo alívio, vemos uma conexão com Apocalipse 18.20 e o regozijo da criação de Deus uma vez que Ele já julgou a maldade. Vemos dois objetos de Sua ira no versículo 8: primeiro, “os que não conhecem a Deus” e, segundo, “os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus”. Estas são as fontes de perseguição para os crentes da presente era da Igreja, mas o Arrebatamento da Igreja trará alívio para todo o corpo de crentes da era da Igreja, o que também resultará no derramamento da ira de Deus sobre os que rejeitarem o Evangelho.
Os incrédulos não experimentarão apenas a ira de Deus durante a Tribulação, pois o versículo 9 nos diz que eles também “sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder”. “É irônico que aqueles que rejeitarem a Deus receberão como punição a rejeição de Deus”, considera Michael Martin. “Isto implica em que a chamada liberdade da influência de Deus, que os rebeldes desejam, não é liberdade, mas condenação. É um banimento infernal da única e verdadeira fonte de bondade e bênção”.[6] No versículo 10, vemos que a Segunda Vinda de Cristo não apenas revelará a glória de Deus, mas servirá para Ele “ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram”. Esta mesma resposta é o que vemos no Apocalipse quando o céu, ou seja, anjos e crentes, maravilha-se e se regozija pelo julgamento dos habitantes da terra e pela elevação do Senhor Jesus Cristo a Seu lugar de direito para governar.
O Julgamento é Realizado pelo Filho
Em João 5.22-23a, Jesus nos diz: “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento, a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai”. Esta passagem revela que, embora o Filho será o agente do julgamento na história, dentro das funções das Pessoas da Trindade, o Filho e o Pai têm o mesmo padrão de justiça porque eles são o mesmo Deus. Jesus continua, dizendo: “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem” (Jo 5.26-27). Jesus, que é o Filho do Pai dentro da Trindade, também é o Filho do Homem e relacionado com a humanidade. Assim, como Deus-Homem, Jesus será o agente julgando a humanidade porque Ele é tanto Deus quanto Homem. Portanto, Ele será capaz de avaliar a humanidade com perfeita justiça.
Romanos 12.19 diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. Paulo cita Deuteronômio 32.35 nesta passagem. Moisés diz no versículo seguinte: “Porque o Senhor fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos” (Dt 32.36). Tanto em favor de Israel quanto em favor da Igreja, o Senhor tomará vingança e o fará com justiça e retidão. Em Romanos, Paulo argumenta, no capítulo 13, que os crentes deveriam geralmente obedecer às autoridades civis, porque Deus estabeleceu o governo civil como Seu instrumento, através do qual Ele toma vingança nesse ínterim – entre o julgamento do Dilúvio e o julgamento em Sua Segunda Vinda. Este é um instrumento que Ele usa para refrear o mal até a Tribulação, quando o homem da iniqüidade liderar uma rebelião cooperada contra Deus, resultando em Sua direta intervenção por toda a Tribulação e culminando no Segundo Advento.
Conclusão
A Bíblia ensina que uma das maneiras através da qual podemos demonstrar nossa confiança em Deus e em Seu plano para a história é permitindo que Ele tome conta dos males que experimentamos durante toda a nossa vida no processo de servir ao nosso Salvador. Assim como a perseguição e, finalmente, a morte de Cristo foram tão erradas e injustas, tem havido milhões de injustiças semelhantes perpetradas contra o povo de Deus desde então; mesmo assim, devemos esperar pelo dia dEle, quando endireitará todos os erros e se vingará dos malvados. Isto não significa que, quando um crime é cometido contra um crente, a justiça por meio das autoridades civis não deva ser procurada. Deve! Contudo, com muita freqüência as autoridades se corrompem e devemos esperar que o Juiz do mundo inteiro coloque as coisas nos devidos lugares. A prova principal seria o erro de justiça cometido pelo governo civil na morte de Cristo.
Um dos pontos principais destas passagens que verificamos é que um crente no Senhor Jesus Cristo não tem que se tornar amargo ou irritado por causa da injustiça que alguém possa ter cometido contra ele, porque o próprio Jesus um dia trará perfeita justiça a este mundo pecaminoso. Ele endireitará todas as coisas. Em vez disso, quando nos fizerem mal ou nos perseguirem por causa de Cristo, poderemos responder com o amor e a graça que Deus em Cristo já nos mostrou na redenção. Temos oportunidade de mostrar-lhes o amor de Cristo. Diz Paulo: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Como fazemos isso? Como diz o versículo anterior, devemos ser gentis e benignos para com nossos inimigos, tentando satisfazer-lhes as necessidades. Que maravilhosa salvação temos em Cristo! Ele nos salvou enquanto éramos Seus inimigos e agora nós tratamos nossos inimigos da mesma maneira que Cristo já nos tratou. Maranata!
Fonte - http://chamada.com.br
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